Nos últimas duas décadas, pelo menos oito grandes grupos que trabalham com extração de calcário e beneficiamento de calcário demonstraram interesse de instalar unidades industriais no Rio Grande do Norte, especificamente nas regiões de Mato Grande, Vale do Açu, Mossoró, Chapada do Apodi e parte do Vale do Jaguaribe, no Ceará.
A razão é simples. Estas regiões têm aflorando mais de 20 mil quilômetros quadrados de rocha calcária (com espessura que vai de 50 a 400 metros), que é matéria-prima para inúmeros produtos da construção civil, indústria química, açucareira, entre vários outros segmentos industriais. Esta estimativa, que já foi comprovada e está pronta para ser explorada, é do Departamento Nacional de Produção Mineral.
O geólogo Otacílio Carvalho, da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico, disse que Rio Grande do Norte tem a maior reserva de calcário (de boa qualidade) do País. “É rocha calcária suficiente para ser extraída a vida toda e mais três dias”, brinca o geólogo, lembrando que há muitos anos o Grupo do Empresário João Santos (Itapetinga) já fabrica cimento em Mossoró, duas unidades estão iniciando a construção de suas fábricas (Votorantin e Poti) e outros cinco grandes grupos estão querendo se instalar na região.Para se ter uma ideia do potencial e o interesse dos grandes grupos, basta registrar que somente na região de Mossoró, que está literalmente em cima de uma rocha de calcário, existe mais de 200 áreas requeridas para exploração. Mossoró, segundo o DNPM, tem a maior reserva tecnicamente comprovada de rocha calcária. Governador Dix-sept Rosado vem logo em seguida. O geólogo Otacílio Carvalho, que se formou no início da década de oitenta e desde então procura uma maneira de desenvolver o Estado a partir de investimentos na extração calcário no Estado, que pode ser usado na fabricação de cimento, brita, calcário moído para galinha, calcário para cargas industriais, carbonato de cálcio precipitado, cal hidratada e até no artesanato. Grandes empreendimentos não oferecem risco de desastre ambiental. O geólogo Otacílio Carvalho não concorda que possa existir risco de desastre ambiental com a exploração da reserva de calcário no Estado por grandes grupos financeiros. Pelo contrário, segundo ele, cada unidade de extração e beneficiamento de calcário, como por exemplo, o Grupo Votorantim, trabalha com uma grande preocupação ambiental.
Segundo ele, para se instalar uma unidade de grande porte de fabricação de cimento, por exemplo, “primeiro é realizado um amplo estudo científico, mostrando todos os riscos e já apontando todos os investimentos possíveis de compensação ambiental e também social”, destaca o geólogo da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico.
O que preocupa o especialista é exatamente o pequeno produtor, pois seguimento extrai e processa a pedra como se fazia há dois mil anos atrás. “É inaceitável do ponto de vista ambiental (extrai pedra usando ainda dinamite) e até desumano (trabalhadores sem ferramentas adequadas trabalhando nos fornos) o trabalho que observamos nas caieiras das regiões de Mossoró, Governado Dix-sept Rosado, Felipe Guerra e Apodi” destaca Otacílio. O especialista espera que este problema seja resolvido ao longo dos próximos anos, com a instituição de planos de manejo não só da lenha, mas também da rocha, bem como da humanização do trabalho nos fornos. “É uma luta longa, mas necessária”, finaliza Otacílio Carvalho.
Fonte: Infomine Brasil
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