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terça-feira, 26 de julho de 2011

A Petrofísica

Com as dificuldades físicas inerentes à prática da prospecção de recursos minerais subterrâneos, a petrofísica surge como uma ferramenta fundamental da exploração mineral moderna, sobretudo na exploração petrolífera.

Embora as propriedades físicas das rochas sejam o objeto de estudo da física das rochas e da petrofísica, diferenças esclarecedoras caracterizam esses importantes ramos da indústria de exploração mineral. A física das rochas é mais focada nas propriedades que estabelecem um link com os atributos sísmicos. Ao passo que a petrofísica se interessa particularmente pelas propriedades que permitem a determinação de porosidade, permeabilidade e saturação de fluidos em uma rocha-reservatório, fundamentais para caracterizar o armazenamento e a transmissão de fluidos na rocha, com a finalidade de gerenciar e prever a performance de um reservatório.

De acordo com o professor José Agnelo Soares, do Departamento de Mineração e Geologia da UFCG, a petrofísica investiga as propriedades físicas de minerais, rochas e fluidos nelas contidos, e como essas características se alteram em função das variáveis ambientais, como pressão, temperatura, saturação, salinidade e argilosidade; e condições instrumentais,como freqüência, potência, ganho, espaçamento, amostragem e sensibilidade. Segundo ele, a investigação petrofísica pode ocorrer na escala de campo, por meio da perfilagem geofísica, ou na escala de bancada, por meio da medição laboratorial das propriedades físicas de amostras de rochas e fluidos. “O conhecimento preciso das propriedades físicas das rochas é fundamental para uma interpretação realista dos dados geofísicos registrados em campo, explica o professor.

O principal benefício obtido com a realização de um estudo petrofísico é a melhoria no entendimento de como determinadas propriedades físicas das rochas afetam as medidas geofísicas. Na geofísica de reservatório, o monitoramento geofísico, realizado ao longo do processo de produção, gera imagens representativas da distribuição de fluidos dentro do reservatório. Umas das premissas desta metodologia, é que não ocorram alterações na matriz da rocha.

APLICAÇÃO
A petrofísica é considerada um campo amplo e interdisciplinar, e por essa razão, seu arcabouço aglutina conhecimentos provenientes de diferentes áreas, como geologia, geofísica, química, mecânica, engenharia do petróleo, e outras. Sua aplicação é vasta e abrange praticamente todas as atividades relacionadas à exploração e produção de recursos minerais subterrâneos. “É preciso traçar um paralelo com a vida cotidiana: a petrofísica está para as Geociências assim como os exames laboratoriais estão para a Medicina. Não há diagnóstico seguro sem ela” afirma o professor José Agnelo Soares.

PETRÓLEO
Estudos petrofísicos são intensamente empregados com o objetivo de adensar o conhecimento das heterogeneidades internas e a distribuição de fases fluidas no reservatório. Com isso, torna-se possível delimitar e estimar reservas, determinando, inclusive, a quantidade de ólei in place. De acordo com Carlos Beneduzi, geólogo e consultor da Petrobras, dentro do segmento da indústria do petróleo, a aplicação da petrofísica permeia diversos ramos e permite a caracterização de importantes atributos da rocha, além de ser essencial para identificação dos tipos de fluidos que a saturam.

EQUIPAMENTOS E MÉTODOS
Existem muitas variações de métodos e equipamentos empregados para investigar as propriedades físicas das rochas. Em destaque, o uso das técnicas de perfilagem geofísica permite estimar diferentes parâmetros petrofísicos, principalmente radioatividade natural e induzida, resistividade e condutividade elétrica, porosidade, densidade e velocidade de propagação do som nas rochas. Os equipamentos utilizados na perfilagem geofísica são construídos para suportar as adversas condições de temperatura e pressão de um poço. Essas ferramentas registram uma determinada propriedade física da rocha referenciada a uma profundidade do poço. Características da lama de perfuração, inclinação e tipo do poço, além da constituição das rochas devem ser levadas em conta para definição de quais sondas são mais apropriadas para uso. “As vantagens do emprego de técnicas de perfilagem são o registro das medidas ao longo de toda extensão do poço, e também a possibilidade de dispensar uma amostragem de rocha para obter diretamente os atributos. Fato que oneraria muito em termos financeiros e operacionais a perfuração de um poço” destaca Carlos Beneduzi.

Na maior parte dos casos, o emprego da pesquisa sobre as propriedades físicas das rochas corresponde a um percentual pequeno dos investimentos totais, sobretudo se for considerada a utilidade que as informações obtidas trazem para o projeto. “Uma aquisição de propriedades através da perfilagem de poços toma aproximadamente 10% do tempo de perfuração de um poço de petróleo na área do pré-sal. Em termos de custo financeiro, a proporção é aproximadamente a mesma. Poços de terra normalmente têm esse valor reduzido”, avalia Carlos Baneduzi.

Fonte: Boletim SBGf n1.2011

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