Os chamados elementos de terras-raras estão presentes nos mais diversos aparelhos, dos iPhones aos motores a jato, e são cada vez mais demandados. Um relatório da Agência de Mapeamento Geológico dos Estados Unidos revelou que o Brasil concentra as maiores reservas desses materiais, dispersos por toda a crosta terrestre. Riqueza que, se bem explorada, pode colocar o país, de vez, na cadeia de produção tecnológica.
“Elas permitem, basicamente, a confecção de ímãs muito fortes, usados na memória dos aparelhos. Como elas têm essa alta capacidade, muito maior do que em outros metais, possibilitam que os dispositivos fiquem cada vez menores, cumprindo a mesma função”, explica o professor Gerson Mól, do Instituto de Química da Universidade de Brasília (UnB). “Há 100 anos, esses elementos sequer eram demandados, mas fomos, aos poucos, criando essa necessidade”, completa o especialista. Para se ter uma ideia do tamanho da procura, o quilo do neodímio metálico (uma das terras-raras) custava US$ 50 em janeiro e, hoje, não sai por menos de US$ 250.
Atualmente, o maior produtor de terras-raras é a China, que alimenta, sozinha, 97% do mercado. O sucesso dos orientais nesse setor pode ser explicado pelo perfil produtivo do país. “Na China, não há muita preocupação com leis trabalhistas ou ambientais. Além disso, ocorre muita extração pirata”, comenta o professor Gerson Mól. No Brasil, a maior reserva dessas substâncias está na região de Seis Lagos, no noroeste do Amazonas. Minas Gerais e Goiás também concentram abundância desses materiais. Segundo o relatório do serviço geológico norte-americano, o país detém 2% das reservas mundiais de terras-raras.
Fernando Landgraf, presidente do IPT, explica que a exploração do recurso não implica, necessariamente, a abertura de um novo espaço de mineração. “A Vale do Rio Doce, por exemplo, tem uma mina de fosfato em Catalão (GO), onde também há terras-raras. É uma questão de melhorar o aproveitamento de uma área já minerada”, diz o pesquisador. Isso, no entanto, não é suficiente. Para Landgraf, o Brasil também precisa se esforçar para fazer diferença nessa indústria. “A melhor alternativa é que o país entre na cadeia produtiva oferecendo produtos, não apenas o minério. Quanto mais longe formos, mais estaremos agregando valor ao material”, ressalta o especialista.
Por: Carolina Vicentin
Fonte: Correio Braziliense
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