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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

É ou não é rio?

Geólogos divulgam carta aberta em que criticam e colocam em dúvida as conclusões de recente pesquisa brasileira que aponta a descoberta de um rio subterrâneo debaixo do Amazonas.

"Descoberto rio subterrâneo de 6 mil km debaixo do rio Amazonas”. Ao se deparar comessa notícia, muita gente logo imaginou um caudaloso fluxo de água correndo por um túnel abaixo da terra. No entanto, o suposto rio, anunciado por pesquisadores brasileiros do Observatório Nacional, nada tem a ver com essa imagem.

Não é à toa que o estudo tem causado rebuliço no meio científico, levando um grupo depesquisadores da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo) a elaborar uma carta aberta à sociedade criticando as conclusões do trabalho e o uso do termo ‘rio’.

O ‘rio’ subterrâneo, batizado de Hamza em homenagem a um dos seus descobridores, o geofísico Valiya Hamza, foi anunciado no final de agosto no 12º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, chamando a atenção da mídia internacional e conquistando até um verbete na Wikipédia. 

Hamza e sua orientanda de doutorado Elizabeth Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, analisaram dados de temperatura da água e das rochas de 241 poços depetróleo desativados perfurados pela Petrobrás na região amazônica e encontraram indícios de que existe um fluxo de água subterrâneo, de 6 mil km de extensão e até 400 km de largura, que corre por entre os sedimentos rochosos a 4 mil metros deprofundidade.

Segundo os pesquisadores, o ‘rio’, formado pela infiltração da água da chuva e deoutros rios, teria início no Acre e seguiria do oeste para o leste, passando pelas bacias dos rios Solimões, Marajó e Amazonas, até alcançar o mar.

No entanto, geólogos dizem que, mesmo que exista esse fluxo de água, ele não poderia ser chamado de rio, pois se move por dentro deuma camada permeável de rochas, como o calcário e o arenito.

De acordo com o geólogo José Luiz Galvão deMendonça do Centro Universitário deAraraquara (Uniara) – autor do artigo ‘Rios subterrâneos: mito ou realidade’ publicado na revista CH –, o fluxo de água descrito seassemelha mais a uma esponja molhada do que a um rio.

“Tratar essa água como um rio está errado”, afirma. “Um rio subterrâneo é um conceito popular; na verdade, o que foi descoberto foi um aquífero, rochas porosas que retêm água.”

Hamza conta que foi difícil definir a descoberta, mas que não seria possível chamá-la deaquífero porque o fluxo de água encontrado não fica reservado, mas segue curso edeságua do mar.

“Encontramos movimento de água que corre em área muito extensa e achamos que o melhor seria chamar de rio”, diz.

Passos de formiga
O estudo de Hamza indica que o fluxo de água subterrâneo é lento, com uma velocidadede 10 a 100 metros por ano, bem menor que a do rio Amazonas, que avança cerca dedois metros por segundo. Mas, de acordo com o pesquisador, isso não é motivo paranão chamá-lo de rio.

“Não há definição na ciência para a velocidade mínima ou máxima de um rio”, diz. “Inclusive, no Brasil, existem rios com velocidade inferior a que encontramos, como o Rio do Sono, no Tocantins. Além disso, o nosso rio tem um fluxo de 3.900 m3/s, muito grande se comparado ao do Rio São Francisco, por exemplo.”

Na avaliação do pesquisador, o uso do termo rio é adequado, pois, além do rio a queestamos acostumados, que corre na superfície, existem outros dois tipos conhecidos: o atmosférico e o subterrâneo. 

Celso Dal Ré Carneiro, da UniversidadeEstadual de Campinas (Unicamp), um dos geólogos que assinam a carta aberta decrítica ao estudo, confronta a análise de Hamza. Ele afirma que ‘rio atmosférico’ não éum termo científico e que o conceito de ‘rio subterrâneo’ é usado apenas para as situações em que águas fluem dentro de cavernas.

“Chamar de rio o fluxo de água indicado no estudo é o mesmo que dizer que uma caneta que tem forma de lápis é um lápis e não uma caneta. Esse estudo fere conceitos arraigados nas geociências.”

Carneiro e os demais geólogos que assinam a carta destacam que fluxos de água lentos como o indicado por Hamza “são comuns na região do rio Amazonas eestudados há tempos pelos geólogos brasileiros”.

Conclusões precipitadas
De acordo com Hamza, uma das principais implicações da descoberta do ‘rio subterrâneo’ é a explicação que ele traz para a presença de bolsões de baixa salinidadena zona oceânica em torno da foz do Rio Amazonas. 

Segundo o pesquisador, a baixa salinidade dessa região, que resulta em uma fauna única, não poderia ser causada somente pelas águas doces do Amazonas.

Essa tese é confrontada pelos geólogos da Febrageo. Segundo eles, a descarga do Amazonas é sim suficiente para formar os bolsões de água doce no Atlântico e não há como afirmar que o fluxo de água descoberto chega ao oceano e nem mesmo se ele é defato doce.

“É muita suposição dizer que esse fluxo deságua no mar, bem como especular sobresua velocidade, vazão e dimensão”, defendeCarneiro. “O trabalho como um todo não éabsurdo, mas as suas conclusões são precipitadas, baseadas apenas em dados indiretos de temperaturas que não foram avaliados por pesquisadores independentes.”

Fonte: Ciência Hoje On-line

Energia Solar para extrair petróleo


Até as fontes de energias consideradas “sujas” estão se rendendo aos benefícios de fontes renováveis. A petrolífera Chevron Corp. está alistando o sol para ajudá-la a extrair de um antigo campo petrolífero restos de petróleo grossos como lama.


Historicamente, petrolíferas têm usado gás natural para obter a energia necessária para criar vapor que amoleça sedimentos de petróleo para extração, mas em Coalinga, no Estado da Califórnia, uma área explorada desde 1887 e onde os sedimentos de óleo bruto estão praticamente sólidos em temperatura ambiente, a energia utilizada vem agora de uma vasta área de painéis solares.

Essa combinação de uma tecnologia de energia dita “limpa” com uma das formas mais poluentes de extração de petróleo diz bastante sobre o estado atual da indústria global de energia.

Empresas de energia solar, geralmente voltadas à geração de eletricidade, estão procurando se diversificar para competirem num mercado apertado. A Chevron e sua parceira BrightSource Energy Inc, começaram em agosto a produzir vapor originado da luz do sol que inunda o Vale de San Joaquin, a maior instalação do gênero no mundo.

A petrolífera tem divulgado a exótica combinação como um modelo que vai ajudar as empresas que exploram petróleo a economizar e as empresas de energia solar a lucrar, sem necessidade de subsídios governamentais e ainda por cima minimizando a emissão de carbono na atmosfera.

Custos altos
Mas o projeto em Coalinga é ainda uma experiência para ver se o modelo pode ser implementado em larga escala. Até agora, os resultados têm sido mistos.

A Chevron já gastou pouco mais do que os US$ 28 milhões de seu contrato, mas a BrightSource já perdeu pelo menos US$ 40 millhões no projeto e já revelou que vai perder bem mais.

As empresas, que podem ainda se beneficiar de um crédito do governo pelo uso de energia solar, não quiseram revelar exatamente quanto gastaram até agora.

A energia solar em Coalinga é capturada por 7.000 espelhos instalados perto do sobe-e-desce de velhas bombas de petróleo. Os espelhos computadorizados, com2 metrospor 3 cada, acompanham o sol e refletem seus raios para uma torre de90 metros, gerando vapor que é desviado para o campo de petróleo.

O custo desse sistema é mais alto no início, mas se os espelhos acompanham o sol de maneira adequada, no longo prazo o investimento pode superar o custo de usar um gerador movido a gás natural. A tecnologia não substitui o gás natural, mas o complementa.

Fonte: Dasol

Brasil abre novas frentes para explorar diamante

Empresa canadense prepara na Bahia método inédito de extração das pedras e governo vasculha indícios do mineral no fundo do mar

O Brasil já foi um dos maiores produtores mundiais de diamante, mas nos tempos de colônia, quando a exploração das grandes reservas africanas ainda não tinha começado. É improvável que o País volte a figurar novamente como um grande produtor mundial, o que não é empecilho para esforços extras nessa seara: no momento, o Brasil está tentando abrir frentes inéditas de extração do mineral precioso, que movimenta imponentes US$ 12 bilhões (R$ 20 bilhões) no mundo por ano.

A canadense Vaaldiam Resources está na fase de preparativos para começar a extrair na área de Braúna, na Bahia, diamantes diretamente do kimberlito, a rocha vulcânica e ancestral nas quais as pedras ficaram acondicionadas por milhões de anos, desde antes da era pré-glacial. Pode parecer uma mudança sutil, mas é uma alteração completa na maneira como se explorou o mercado de diamantes no País: até hoje, a extração ocorre apenas nos depósitos aluviais, aqueles em que as pedras são carregadas pela água de rios e chuvas.

Segundo análises prévias já feitas em material extraído pela Vaaldiam na área, o valor dos diamantes brutos (antes da lapidação, fase em que eles ficam prontos para ornamentar joias, quando o custo do mineral multiplica-se dezenas de vezes) chega a US$ 338 por quilate. A cifra é equivalente à do diamante bruto da Namíbia, um dos países com o preço médio do quilate mais elevado do mundo.

A empresa, que tem projetos no Peru, Quênia e também em Catalão (GO), já investiu US$ 6,5 milhões (R$ 11 milhões, em valores atuais; nem todo o desembolso já foi feito) no projeto. Os recursos foram usados para elevar de 20% para 51% sua participação na área de Braúna.

No fundo do mar
Também o governo debruça-se sobre a tarefa de abrir novas frentes para o mercado de diamantes. O Projeto Diamante Brasil, em andamento desde 2009, pretende apresentar no ano que vem os resultados do mapeamento desse mineral no País. “A ideia é criar uma base de dados específicos sobre diamantes. Queremos fazer o diagnóstico do potencial brasileiro”, afirma Reinaldo Brito, chefe do Departamento de Recursos Minerais da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), empresa ligada ao Ministério de Minas e Energia. Ela está encarregada da tarefa.

É com base no trabalho da CPRM que o Brasil também procura a ocorrência de diamantes embaixo do mar. Ainda não foram feitas expedições marinhas, mas já foi mapeada a estrutura submarina da foz dos rios Pardo e Jequitinhonha, no litoral baiano. Ambos nascem em Minas Gerais e passam pelas regiões Lavras e Salobro, ambas com ocorrência de diamantes. Um alerta, portanto, para o potencial de haver diamantes na área em que os dois desembocam no Oceano Atlântico.

“O governo tem muita informação sobre onde tem ferro, ouro, cobre, mas pouca sobre os diamantes”, diz Brito. Os levantamentos da CPRM já apuraram ocorrências do mineral, sobre as quais quase nada se sabia, em Canguçu (RS) e em Roraima.

Mato Grosso, Minas Gerais, Bahia, Paraná e Roraima são os principais estados produtores brasileiros. No mundo, a participação brasileira é irrisória. Em 2010, a produção nacional somou 25,4 mil quilates (cada quilate de diamante equivale a 200 miligramas), volume que correspondeu a US$ 1,4 milhão e que deixou o País na 18ª posição no ranking mundial. Em volume, a Rússia foi a maior produtora, com 34,8 milhões de quilates, mas Botswana, com produção menor, de 22 milhões, conseguiu receita de US$ 2,6 bilhões por ter diamantes mais bem avaliados no mercado.

Fonte: IG