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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Rio de 6 mil km é descoberto embaixo do Rio Amazonas

Pesquisadores do Observatório Nacional (ON) encontraram evidências de um rio subterrâneo de 6 mil quilômetros de extensão que corre embaixo do Rio Amazonas, a uma profundidade de 4 mil metros. Os dois cursos d’água têm o mesmo sentido de fluxo - de oeste para leste -, mas se comportam de forma diferente.

A descoberta foi possível graças aos dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobras nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica. A estatal procurava petróleo.

Fluidos que se movimentam por meios porosos - como a água que corre por dentro dos sedimentos sob a Bacia Amazônica - costumam produzir sutis variações de temperatura. Com a informação térmica fornecida pela Petrobras, os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional, e a professora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, identificaram a movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros.

O dados do doutorado de Elizabeth, sob orientação de Hamza, foram apresentados na semana passada no 12.º Congresso Internacional da Sociedade Brasileira de Geofísica, no Rio. Em homenagem ao orientador, um pesquisador indiano que vive no Brasil desde 1974, os cientistas batizaram o fluxo subterrâneo de Rio Hamza.

Características
A vazão média do Rio Amazonas é estimada em 133 mil metros cúbicos de água por segundo (m3/s). O fluxo subterrâneo contém apenas 2% desse volume com uma vazão de 3 mil m3/s - maior que a do Rio São Francisco, que corta Minas e o Nordeste e beneficia 13 milhões de pessoas, de 2,7 mil m3/s. Para se ter uma ideia da força do Hamza, quando a calha do Rio Tietê, em São Paulo, está cheia, a vazão alcança pouco mais de 1 mil m3/s.

As diferenças entre o Amazonas e o Hamza também são significativas quando se compara a largura e a velocidade do curso d’água dos dois rios. Enquanto as margens do Amazonas distam de 1 a 100 quilômetros, a largura do rio subterrâneo varia de 200 a 400 quilômetros. Por outro lado, a s águas do Amazonas correm de 0,1 a 2 metros por segundo, dependendo do local. Embaixo da terra, a velocidade é muito menor: de 10 a 100 metros por ano.

Há uma explicação simples para a lentidão subterrânea. Na superfície, a água movimenta-se sobre a calha do rio, como um líquido que escorre sobre a superfície. Nas profundezas, não há um túnel por onde a água possa correr. Ela vence pouco a pouco a resistência de sedimentos que atuam como uma gigantesca esponja: o líquido caminha pelos poros da rocha rumo ao mar.




Fonte: ultimosegundo.ig.com.br

O início do petróleo no Brasil

Quando falamos sobre o petróleo, existe uma impressão equivocada de que essa substância surgiu na história somente com o advento da Revolução Industrial. Contudo, desde a Antiguidade, temos relatos que nos contam sobre a existência desse material em algumas civilizações. Os egípcios utilizavam esse material para embalsamar os seus mortos, já entre os povos pré-colombianos esse mesmo produto era pioneiramente empregado na pavimentação de estradas.

No Brasil, a existência do petróleo já era computada durante os tempos do regime imperial. Nessa época, o Marquês de Olinda cedeu o direito a José Barros de Pimentel de realizar a extração de betume nas margens do rio Marau, na Bahia. Até as primeiras décadas do século XX, alguns estudiosos e exploradores anônimos tentaram perfurar alguns poços de petróleo sem obter êxito. Contudo, em 1930, o engenheiro agrônomo Manoel Inácio de Basto mudou essa situação.

Com base no relato de populares, ele teve a informação de que os moradores de Lobato, bairro suburbano de Salvador, utilizavam uma “lama preta” como combustível de suas lamparinas. Instigado por tal notícia, realizou testes e experimentos que atestavam a existência de petróleo nessa localidade. Contudo, não possuía contatos influentes que poderiam investir em sua descoberta. Persistente, em 1932 conseguiu entregar ao presidente Getúlio Vargas um laudo técnico que atestava o seu achado.

Nessa mesma década, a descoberta de importante riqueza foi cercada por uma série de medidas institucionais do governo brasileiro. Em 1938, a discussão sobre o uso e a exploração dos recursos do subsolo brasileiro viabilizou a criação do CNP - Conselho Nacional do Petróleo. Em suas primeiras ações, o conselho determinou várias diretrizes com respeito ao petróleo e determinou que as jazidas pertencessem à União. No ano seguinte, o primeiro poço de petróleo foi encontrado no bairro de Lobato.

Logo em seguida, novas prospecções governamentais saíram em busca de outros campos de petróleo ao longo do território brasileiro. No ano de 1941, o governo brasileiro anunciou o estabelecimento do campo de exploração petrolífera de Candeias, Bahia. Apesar das descobertas em pequena escala, o surgimento dessa nova riqueza incentivou, em 1953, a oficialização do monopólio estatal sobre a atividade petrolífera e a criação da empresa estatal “Petróleo Brasileiro S.A.”, mais conhecida como Petrobras.

Por: Professor Alexandre Guimarães.
Fonte: euleionn.com.br

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

"O RN não está fora do mapa de grandes projetos"

"O RN não está fora do mapa de grandes projetos"

A Petrobras aprovou e esmiuçou nos últimos dias o plano de negócios que pretende executar no período de 2011 a 2015 no Brasil e no exterior, prevendo mais investimentos na área de exploração e produção, com foco principalmente no pré-sal, que concentra grandes reservas de petróleo. O plano também aponta a postergação do início da operação de outros projetos, como as refinarias premium previstas para o Maranhão e o Ceará, no Nordeste. Para o Rio Grande do Norte, nada foi citado, mas isso não quer dizer, porém, que o RN - maior produtor de petróleo em terra do Brasil - tenha ficado de fora do mapa da companhia. Pelo menos é isso o que garante o gerente geral, Joelson Falcão Mendes. Nesta entrevista à Tribuna do Norte, ele diz que projetos como a exploração em águas profundas, que deve começar ainda neste segundo semestre, estão mantidos. A expectativa é que a investida - se bem-sucedida - ajude a reforçar a produção de petróleo e gás, em declínio nos últimos. Por outro lado, o executivo também reforça que, para mudar de patamar, como outras áreas do país, o Estado vai precisar de novas áreas para trabalhar, dado o declínio natural das que estão em mãos. Confira os principais trechos da entrevista:

O plano de negócios prevê redução nos investimentos da companhia para 2011. Isso de alguma maneira afeta projetos no Rio Grande do Norte?

A princípio não. Os investimentos da Petrobras são constituídos através de carteiras de projetos de suas diversas unidades. Os nossos projetos são de médio e longo prazo. Então não faz sentido empresarial que eles sejam paralisados. Na realidade nós estamos ao longo deste ano conseguindo manter tudo aquilo que vinhamos planejando no ano passado, os níveis de produção, inclusive, estão um pouco acima do que a tínhamos oficialmente nos comprometido com a alta administração e os projetos também. Os projetos estão em curso. Uma coisa que é importante pontuar é que na nossa atividade, na produção de campos maduros, nós temos um declínio natural da produção, e a gente conseguiu estabilizar esta produção, através da contínua implantação de projetos. Então não me parece que na nossa atividade aqui a gente vá ter qualquer tipo de paralisação. As sondas estão contratadas, fazendo perfuração de poços, os nossos contratos de construção e montagem de engenharia estão em curso. Então não me parece que teremos qualquer dificuldade de curso prazo. Pelo contrário, a gente espera conseguir realizar todos os projetos previstos para este ano.

O presidente da companhia, (José Sérgio Gabrielli) falou sobre a postergação de alguns projetos. Ele não citou especificamente o Rio Grande do Norte, mas algum projeto do estado vai ter também de esperar mais?

No que se refere a nossa atividade aqui, não me parece que teremos qualquer tipo de dificuldade para o período de 2011 até 2015. Acredito que conseguiremos manter. Na realidade todo ano a Petrobras renova o seu plano pelo dinamismo da atividade. Nós estamos constantemente fazendo atividades de exploração. Então sucessos ou insucessos na área geram ajustes no plano de exploração e produção. Exatamente pelo sucesso que a área de produção e exploração teve nos últimos anos os investimentos na área foram revisados para cima.

Para o Rio Grande do Norte muda alguma coisa com esse "ajuste para cima"? Vai ter mais dinheiro disponível?

Nós temos um quantitativo de blocos tanto em exploração quanto em produção hoje nas nossas mãos. Para esses blocos nós já temos um planejamento de trabalho. Nos blocos que estão em produção, nós já temos projetos que chamamos de desenvolvimento da produção, tentando aumentar, revitalizar a produção desses campos. Isso não deve mudar em nada porque é uma questão técnica. O que a gente vislumbra em termos de possibilidade técnica e econômica de produção desses blocos. Nos blocos exploratórios, nós estamos evidentemente fazendo trabalhos exploratórios, que são trabalhos de risco, e que podem levar a descobertas que levem também a precisar ser desenvolvidas. É possível que nós tenhamos mais necessidade de recursos do que está previsto hoje, se nós tivermos sucessos exploratórios. Nós estamos fazendo poços terrestres, poços marítimos em águas rasas e já começamos uma grande campanha, que vai chegar na bacia potiguar este ano, uma exploração na chamada margem equatorial, em águas profundas. A partir do dinamismo da nossa atividade, é possível que a gente tenha necessidade de mais recursos. Hoje os projetos que temos na mãos estão com recursos assegurados. Temos um orçamento para este ano, assegurado, em investimentos, de R$ 1,8 bilhão, da unidade de operação do Rio Grande do Norte. É da mesma ordem de grandeza do orçamento que realizamos no ano passado. Para o futuro, isso vai depender de vários fatores. O que a gente tem conseguido, a cada ano que passa, é ter mais recursos disponíveis para exploração e produção pelo sucesso que a atividade tem tido no país.

Sobre essa campanha em águas profundas, a expectativa era que fosse inciada no segundo semestre...

Está mantido.

Mas o que está faltando para começar?

Temos um cronograma de sondas e de logística. Vamos receber uma sonda para fazer um poço no ceará e outro na Bacia potiguar. Evidentemente ficamos ansiosos pelos resultados, por tudo o que vem acontecendo no país. Ficamos bastante ansiosos com o que venha a acontecer. Mas está dentro do cronograma. Vai acontecer agora no segundo semestre, uma sonda está fazendo um poço, quando terminar vem para cá.

Mas é só equipamento que está faltando?

Só. Já temos licença, isso já está equacionado.

É um investimento que a Petrobras faz com expectativa de conseguir que resultados? Incrementar, por exemplo, em quanto a produção?

Não temos a mínima condição de fazer esse tipo de avaliação. Investimento exploratório é investimento de risco. Tem áreas com mais ou menos possibilidades. Águas profundas na margem equatorial são situações que nós chamamos de novas fronteiras. A quantidade de informações práticas que nós temos ainda são muito pequenas. Elas vão sendo adquiridas a medida que os poços vão sendo perfurados. Então não temos como fazer qualquer prognóstico. A Petrobras levou anos fazendo exploração em águas profundas até por exemplo ter o sucesso que está tendo no pré-sal agora.

O senhor havia comentado que a Petrobras tem conseguido se não reverter pelo menos segurar a queda que vem sendo registrada na produção do Rio Grande do Norte nos últimos anos. Mas em junho deste ano, por exemplo, houve queda, em relação ao mesmo período do ano passado. É apenas o declínio natural, como já foi justificado, ou há algo mais atrapalhando?

Você foi muito pontual. E na ralidade na nossa atividade não tem como ser muito pontual assim. Mas o primeiro semestre deste ano foi melhor que o primeiro semestre do ano passado. A gente está esperando este ano uma produção média anual igual a produção média anual do ano passado. O que é uma vitória dos nossos projetos. Fechamos o semestre com uma produção acima do previsto e no mesmo patamar do ano passado (com 62 mil barris de petróleo por dia no Rio Grande do Norte).

Qual é o entrave para que a produção em vez apenas de se manter cresça?

Nós precisamos de mais áreas para trabalhar. A Agência Nacional de Petróleo, Gás, Natural e Biocombustíveis já anunciou que deve ter este ano uma nova rodada de licitações onde ela vai oferecer mais blocos. Nós estaremos participando. Nós estamos fazendo os trabalhos dentro daquilo que imaginamos que tem de ser feito. Investimentos em áreas maduras, tentando projetos de revitalização. Se nós não estivéssemos fazendo determinados investimentos a produção estaria caindo na faixa de 10% ao ano. Por exemplo, o nosso projeto de injeção contínua de vapor. A gente levou vários anos planejando o projeto, iniciou a injeção de vapor em janeiro do ano passado e este ano este projeto está produzindo 5 mil barris de petróleo. Estaríamos produzindo 5 mil barris a menos se não tivesse esse projeto. Então são as dificuldades naturais mesmo do processo e de uma bacia já bastante explotada, onde já se produziu bastante. Agora, para que a produção aumente de fato e de forma consistente, a gente vai precisar ter sucesso exploratório. Se nós ficarmos convivendo só com as áreas que já temos em mãos, o máximo que a gente vai conseguir é estabilizar a produção, ter pequenos crescimentos pontuais. Para que nós mudemos de patamar, como o país tem feito, é preciso haver descoberta de novos campos.

Se não houver sucesso exploratório o Rio Grande do Norte não deixará de ser um negócio interessante para a Petrobras?

Não porque quando nós pensamos num projeto nós pensamos num projeto no médio prazo. A gente faz os cálculos do retorno que esse investimento vai ter em 15, 20 anos. E a gente entende que a gente vai ter sucesso exploratório. É só uma questão de tempo. No médio prazo não vislumbramos qualquer dificuldade de interesse da companhia quanto à permanência aqui. Isso é muito fácil de a gente perceber de forma concreta. Por exemplo, este ano nós aprovamos na diretoria da companhia e estamos indo fazer licitação de um oleoduto saindo de Mossoró até Guamaré. Um investimento de 200 milhões de dólares. Já compramos as tubulações e estamos indo à rua contratar o serviço de instalação disso. Nós estamos fazendo isso com uma perspectiva de 20 anos. Também acabamos de aprovar a perfuração de poços no campo de serra. Um investimento de 170 milhões de dólares. A perfuração será iniciada agora no mês de agosto. É projeto modesto, entre aspas, porque ele vai estar, no pico de produção dele, contribuindo com 3 mil barris para nossa produção. Então a nossa atividade vive desses pequenos projetos entre aspas. E a gente pensa num horizonte de 20 anos.

No detalhamento do Plano de Negócios, Gabrielli falou sobre o foco que será dado ao pré-sal, sobre a necessidade de investimentos em refino, falou sobre grandes projetos que vão ser realizados em outros estados. O Rio Grande do Norte ficou de fora do mapa dos grandes projetos da Petrobras?

Não, por conta da exploração da margem equatorial. Os projetos que a gente faz aqui, normais, entre aspas, como os que citei, também não foram citados pelo Gabrielli. São os projetos que fazem parte do dia-a-dia. Ele citou o macro. Grandes refinarias. O grande boom do pré-sal. O dia a dia dos estados ele não citou. Eu posso dizer que os investimentos que temos previstos no plano de negócios são extremamente significativos. Não há outra empresa, não há outro segmento investindo aqui no Rio Grande do Norte o que nós estamos investindo.

Há então algum novo projeto que possa ser citado para o estado nesse horizonte até 2015?

Não. Hoje o que a gente tem são os projetos de injeção de água, de injeção de vapor, revitalização da produção do campo de serra e investimentos em infraestrutura (implantação de oleodutos, por exemplo). A nossa grande expectativa é ter uma coisa mais significativa nas nossas atividades exploratórias tanto em águas rasas quanto em águas profundas.
Tribuna do Norte - Renata Moura - 31/07/2011
A Petrobras aprovou e esmiuçou nos últimos dias o plano de negócios que pretende executar no período de 2011 a 2015 no Brasil e no exterior, prevendo mais investimentos na área de exploração e produção, com foco principalmente no pré-sal, que concentra grandes reservas de petróleo. O plano também aponta a postergação do início da operação de outros projetos, como as refinarias premium previstas para o Maranhão e o Ceará, no Nordeste. Para o Rio Grande do Norte, nada foi citado, mas isso não quer dizer, porém, que o RN - maior produtor de petróleo em terra do Brasil - tenha ficado de fora do mapa da companhia. Pelo menos é isso o que garante o gerente geral, Joelson Falcão Mendes. Nesta entrevista à Tribuna do Norte, ele diz que projetos como a exploração em águas profundas, que deve começar ainda neste segundo semestre, estão mantidos. A expectativa é que a investida - se bem-sucedida - ajude a reforçar a produção de petróleo e gás, em declínio nos últimos. Por outro lado, o executivo também reforça que, para mudar de patamar, como outras áreas do país, o Estado vai precisar de novas áreas para trabalhar, dado o declínio natural das que estão em mãos. Confira os principais trechos da entrevista:
O plano de negócios prevê redução nos investimentos da companhia para 2011. Isso de alguma maneira afeta projetos no Rio Grande do Norte?
A princípio não. Os investimentos da Petrobras são constituídos através de carteiras de projetos de suas diversas unidades. Os nossos projetos são de médio e longo prazo. Então não faz sentido empresarial que eles sejam paralisados. Na realidade nós estamos ao longo deste ano conseguindo manter tudo aquilo que vinhamos planejando no ano passado, os níveis de produção, inclusive, estão um pouco acima do que a tínhamos oficialmente nos comprometido com a alta administração  e os projetos também. Os projetos estão em curso. Uma coisa que é importante pontuar é que na nossa atividade, na produção de campos maduros,  nós temos um declínio natural da produção, e a gente conseguiu estabilizar esta produção, através da contínua implantação de projetos. Então não me parece que na nossa atividade aqui a gente vá ter qualquer tipo de paralisação. As sondas estão contratadas, fazendo perfuração de poços, os nossos contratos de construção e montagem de engenharia estão em curso. Então não me parece que teremos qualquer dificuldade de curso prazo. Pelo contrário, a gente espera conseguir realizar todos os projetos previstos para este ano.


O presidente da companhia, (José Sérgio Gabrielli) falou sobre a  postergação de alguns projetos. Ele não citou especificamente o Rio Grande do Norte, mas algum projeto do estado vai ter também de esperar mais?

No que se refere a nossa atividade aqui, não me parece que teremos qualquer tipo de dificuldade para o período de 2011 até 2015. Acredito que conseguiremos manter. Na realidade todo ano a Petrobras renova o seu plano pelo dinamismo da atividade. Nós estamos constantemente fazendo atividades de exploração. Então sucessos ou insucessos na área geram ajustes no plano de exploração e produção. Exatamente pelo sucesso que a área de produção e exploração teve nos últimos anos os investimentos na área foram revisados para cima.

Para o Rio Grande do Norte muda alguma coisa com esse "ajuste para cima"? Vai ter mais dinheiro disponível?

Nós temos um quantitativo de blocos tanto em exploração quanto em produção hoje nas nossas mãos. Para esses blocos nós já temos um planejamento de trabalho. Nos blocos que estão em produção, nós já temos projetos que chamamos de desenvolvimento da produção, tentando aumentar, revitalizar a produção desses campos. Isso não deve mudar em nada porque é uma questão técnica. O que a gente vislumbra em termos de possibilidade técnica e econômica de produção desses blocos. Nos blocos exploratórios, nós estamos evidentemente fazendo trabalhos exploratórios, que são trabalhos de risco, e que podem levar a descobertas que levem também a precisar ser desenvolvidas. É possível que nós tenhamos mais necessidade de recursos do que está previsto hoje, se nós tivermos sucessos exploratórios. Nós estamos fazendo poços terrestres, poços marítimos em águas rasas e já começamos uma grande campanha, que vai chegar na bacia potiguar este ano, uma exploração na chamada margem equatorial, em águas profundas. A partir do dinamismo da nossa atividade, é possível que a gente tenha necessidade de mais recursos. Hoje os projetos que temos na mãos estão com recursos assegurados. Temos um orçamento para este ano, assegurado, em investimentos, de R$ 1,8 bilhão, da unidade de operação do Rio Grande do Norte. É da mesma ordem de grandeza do orçamento que realizamos no ano passado. Para o futuro, isso vai depender de vários fatores. O que a gente tem conseguido, a cada ano que passa, é ter mais recursos disponíveis para exploração e  produção pelo sucesso que a atividade tem tido no país.

Sobre essa campanha em águas profundas, a expectativa era que fosse inciada no segundo semestre...

Está mantido.

Mas o que está faltando para começar?

Temos um cronograma de sondas e de logística. Vamos receber uma sonda para fazer um poço no ceará e outro na Bacia potiguar. Evidentemente ficamos ansiosos pelos resultados, por tudo o que vem acontecendo no país. Ficamos bastante ansiosos com o que venha a acontecer. Mas está dentro do cronograma. Vai acontecer agora no segundo semestre, uma sonda está fazendo um poço, quando terminar vem para cá.

Mas é só equipamento que está faltando?

Só. Já temos licença, isso já está equacionado.

É um investimento que a Petrobras faz com expectativa de conseguir que resultados? Incrementar, por exemplo, em quanto a produção?

Não temos a mínima condição de fazer esse tipo de avaliação. Investimento exploratório é investimento de risco. Tem áreas com mais ou menos possibilidades. Águas profundas na margem equatorial são situações que nós chamamos de novas fronteiras. A quantidade de informações práticas que nós temos ainda são muito pequenas. Elas vão sendo adquiridas a medida que os poços vão sendo perfurados. Então não temos como fazer qualquer prognóstico. A Petrobras levou anos fazendo exploração em águas profundas até por exemplo ter o sucesso que está tendo no pré-sal agora.

O senhor havia comentado que a Petrobras tem conseguido se não reverter pelo menos segurar a queda que vem sendo registrada na produção do Rio Grande do Norte nos últimos anos. Mas em junho deste ano, por exemplo, houve queda, em relação ao mesmo período do ano passado. É apenas o declínio natural, como já foi justificado, ou há algo mais atrapalhando?

Você foi muito pontual. E na ralidade na nossa atividade não tem como ser muito pontual assim. Mas o primeiro semestre deste ano foi melhor que o primeiro semestre do ano passado. A gente está esperando este ano uma produção média anual igual a produção média anual do ano passado. O que é uma vitória dos nossos projetos. Fechamos o semestre com uma produção acima do previsto e no mesmo patamar do ano passado (com 62 mil barris de petróleo por dia no Rio Grande do Norte).

Qual é o entrave para que a produção em vez apenas de se manter cresça?

Nós precisamos de mais áreas para trabalhar. A Agência Nacional de Petróleo, Gás, Natural e Biocombustíveis já anunciou que deve ter este ano uma nova rodada de licitações onde ela vai oferecer mais blocos. Nós estaremos participando. Nós estamos fazendo os trabalhos dentro daquilo que imaginamos que tem de ser feito. Investimentos em áreas maduras, tentando projetos de revitalização. Se nós não estivéssemos fazendo determinados investimentos a produção estaria caindo na faixa de 10% ao ano.    Por exemplo, o nosso projeto de injeção contínua de vapor. A gente levou vários anos planejando o projeto, iniciou a  injeção de vapor em janeiro do ano passado e este ano este projeto está produzindo 5 mil barris de petróleo. Estaríamos produzindo 5 mil barris a menos se não tivesse esse projeto. Então são as dificuldades naturais mesmo do processo e de uma bacia já bastante explotada, onde já se produziu bastante. Agora, para que a produção aumente de fato e de forma consistente, a gente vai precisar ter sucesso exploratório. Se nós ficarmos convivendo só com as áreas que já temos em mãos, o máximo que a gente vai conseguir é estabilizar a produção, ter pequenos crescimentos pontuais. Para que nós mudemos de patamar, como o país tem feito, é preciso haver descoberta de novos campos.

Se não houver sucesso exploratório o Rio Grande do Norte não deixará de ser um negócio interessante para a Petrobras?

Não porque quando nós pensamos num projeto nós pensamos num projeto no médio prazo. A gente faz os cálculos do retorno que esse investimento vai ter em 15, 20 anos. E a gente entende que a gente vai ter sucesso exploratório. É só uma questão de tempo. No médio prazo não vislumbramos qualquer dificuldade de interesse da companhia quanto à permanência aqui. Isso é muito fácil de a gente perceber de forma concreta. Por exemplo, este ano nós aprovamos na diretoria da companhia e estamos indo fazer licitação de um oleoduto saindo de Mossoró até Guamaré. Um investimento de 200 milhões de dólares. Já compramos as tubulações e estamos indo à rua contratar o serviço de instalação disso. Nós estamos fazendo isso com uma perspectiva de 20 anos. Também acabamos de aprovar a perfuração de poços no campo de serra. Um investimento de 170 milhões de dólares. A perfuração será iniciada agora no mês de agosto. É projeto modesto, entre aspas, porque ele vai estar, no pico de produção dele, contribuindo com 3 mil barris para nossa produção. Então a nossa atividade vive desses pequenos projetos entre aspas. E a gente pensa num horizonte de 20 anos.

No detalhamento do Plano de Negócios, Gabrielli falou sobre o foco que será dado ao pré-sal, sobre a necessidade de investimentos em refino, falou sobre grandes projetos que vão ser realizados em outros estados. O Rio Grande do Norte ficou de fora do mapa dos grandes projetos da Petrobras?

Não, por conta da exploração da margem equatorial. Os projetos que a gente faz aqui, normais, entre aspas, como os que citei, também não foram citados pelo Gabrielli.  São os projetos que fazem parte do dia-a-dia. Ele citou o macro. Grandes refinarias. O grande boom do pré-sal. O dia a dia dos estados ele não citou. Eu posso dizer que os investimentos que temos previstos no plano de negócios são extremamente significativos. Não há outra empresa, não há outro segmento investindo aqui no Rio Grande do Norte o que nós estamos investindo.

Há então algum novo projeto que possa ser citado para o estado nesse horizonte até 2015?

Não. Hoje o que a gente tem são os projetos de injeção de água, de injeção de vapor, revitalização da produção do campo de serra e investimentos em infraestrutura (implantação de oleodutos, por exemplo). A nossa grande expectativa é ter uma coisa mais significativa nas nossas atividades exploratórias tanto em águas rasas quanto em águas profundas.


Fonte: Tribuna do Norte Entrevista Por Renata Moura (editora de economia)