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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Bacias sedimentares: A memória do planeta

A superfície da Terra está em constante transformação. O nível dos oceanos varia, as placas tectônicas movem-se, afastando ou aproximando continentes, cadeias de montanhas elevam-se e são erodidas, áreas ocupadas por mares passam a abrigar rios e posteriormente calotas de gelo e novamente mares e depois desertos. No curto período de uma vida humana, ou mesmo da história registrada, poucas são as transformações que podem ser notadas, pois os processos responsáveis pelas grandes mudanças do planeta são muito lentos e ocorrem em uma escala de tempo diferente da vida cotidiana. Mesmo processos que ocorrem a taxas de menos de um milímetro por ano podem ter efeitos de grande escala se persistirem por alguns milhões de anos, o que é pouco tempo para um planeta de 4,6 bilhões de anos. Assim dizemos que a história do planeta é medida pelo Tempo Geológico.

As transformações lentas ficam registradas nas características das rochas que encontramos na crosta terrestre. Por exemplo, antigas cadeias de montanhas, já desaparecidas pela erosão causada pelas chuvas, rios, ventos e geleiras, deixam seu registro em rochas metamórficas que se formaram abaixo das grandes massas elevadas, e antigos vulcões, extintos a centenas de milhões de anos e já sem expressão topográfica, podem ser revelados pelos produtos que expeliram: as rochas vulcânicas formadas pelo resfriamento das lavas. Mas há certas áreas da superfície da Terra que tornam-se nossa maior fonte de informação sobre as diversas paisagens que existiram na superfície do planeta: as bacias sedimentares.

Bacias sedimentares são regiões que, durante um determinado período, sofrem lento abatimento (ou subsidência), gerando uma depressão que é preenchida por sedimentos. Esses sedimentos podem ser formados por materiais de três tipos principais: fragmentos originados pela erosão das áreas elevadas e transportados para a bacia por rios, geleiras ou ventos; materiais precipitados em corpos d'água dentro da bacia, anteriormente transportados como íons em solução; e estruturas que fizeram parte de corpos de animais ou plantas, como fragmentos de cochas, ossos, ou recifes de corais inteiros.

Como as bacias afundam lentamente, sedimentos mais novos são depositados sobre os mais antigos, que ficam preservados da erosão que predomina na superfície do planeta. O resultado é uma pilha de rochas (formadas pelas transformações que ocorrem aos sedimentos depois de soterrados) de diferentes idades, que revelam a história da região em cada etapa do tempo em que houve subsidência e acumulação de sedimentos. Como as camadas mais profundas depositam-se primeiro, pode-se estabelecer a cronologia dos eventos. É desta forma que podemos traçar a evolução das espécies de animais e plantas ao longo do tempo e saber, por exemplo, quais dinossauros existiram simultaneamente em uma região: através do conhecimento das relações entre as camadas que contém os fósseis que essas formas de vida deixaram.

O estudo das sucessões de camadas formadas em bacias sedimentares é denominado Estratigrafia (estudo dos estratos), e a Paleontologia (estudo dos fósseis) não poderia avançar sem ela. Mas não só apenas os fósseis fornecem informações sobre o passado do planeta, as próprias rochas sedimentares guardam vestígios que podem ser interpretados pelos geólogos para a reconstituição das características de uma dada região em épocas passadas. Os elementos que transportam ou acumulam sedimentos dentro de uma bacia, como rios, campos de dunas formadas pelo vento, lagos, praias, áreas de mar profundo etc., dão origem a tipos de depósitos sedimentares diferentes, que podem ser reconhecidos por geólogos especializados.

É dessa forma que sabemos que, no tempo dos dinossauros, a maior parte das regiões Sudeste e Sul do Brasil foram um grande deserto, com dunas semelhantes às que hoje ocorrem no Sahara. Dezenas de milhões de anos antes disso, a mesma região era coberta por mares rasos que vieram depois de grandes geleiras de uma época em que a América do Sul e a África eram unidas e próximas ao Pólo Sul. As evidências desse passado fascinante estão nos afloramentos de rochas, nas beiras das estradas, pedreiras e escarpas de serras, para quem quiser ver e puder entender.

Por: Prof. Renato Paes de Almeida


Fonte: IGC-USP

segunda-feira, 13 de junho de 2011

OURO IMPULSIONA INVESIMENTOS NO RIO GRANDE DO NORTE

Com a reativação da Mina  São Francisco, a 26 km de Currais Novos, a produção de ouro no Rio Grande do Norte saltará de 47,65 gramas, valor registrado pelo Departamento Nacional de Pesquisa Mineral em 2009, para 3 toneladas a partir de 2013, quando a mina começa a operar. O volume será 62.000 vezes maior que o atual e poderá crescer ainda mais, considerando a entrada em operação de outros projetos. 

Um desses projetos  é o da Mina Bomfim, em Lajes, que entrará em operação nos próximos quatro meses, produzindo scheelita e ouro. De acordo com o engenheiro de minas Pedro Paulo Batista, diretor da mina, não é possível precisar a quantidade de ouro produzida, uma vez que o foco da empresa é a produção de scheelita. O volume, no entanto, ajudará a incrementar a produção do estado que hoje parece  microscópica em comparação com a produção nacional.

Em 2009, de quando datam os estudos mais recentes sobre o setor, o Brasil atingiu 56,4 toneladas. No RN, a cifra ainda está na casa dos gramas. Apesar disso, a perspectiva de crescimento da produção potiguar  já movimenta a economia local. 

Investimento
Só o grupo australiano Crusader, que comprou a Mina São Francisco, deverá investir R$100 milhões no RN. Em nove meses, o grupo já investiu R$4 milhões. Atualmente, a empresa trabalha no plano de engenharia da mina, que dirá como explorar o ouro e por onde começar. O objetivo é produzir 3 toneladas de ouro por ano. Os investidores identificaram uma reserva de 24 toneladas na área, com base nos estudos realizados até o momento. A jazida será explorada durante dez anos. Novas pesquisas identificaram uma possível nova jazida,  indicando que pode existir ouro numa área ainda não pesquisada pelo grupo. O ouro será vendido para os bancos.

O grupo Crusader tem outras áreas de interesse dentro do RN. "Nos últimos quatro meses, requerimos ao Departamento Nacional de Pesquisa Mineral entre 40 e 50 novas áreas no Rio Grande do Norte, somando 100 mil hectares. Não temos resultados ainda, mas temos boas perspectivas", afirma Robert Smakman, diretor do grupo no Brasil. O interesse, segundo ele, é um só: explorar ouro. Para Robert, a atividade ganhará novo impulso. "E nós queremos ser os primeiros da fila", diz. 

A empresa goiana Mineração Nosso Senhor do Bomfim, que comprou a mina Bomfim, em Lajes, também está procurando novas oportunidades no RN. Até o momento, a empresa já investiu US$20 milhões no estado.

A Hyundai Corporation, companhia coreana que atua em diversos setores econômicos é outra que está atenta a oportunidades. A empresa anunciou, em maio, que estava interessada em requerer áreas e explorar ouro, entre outros minerais, no RN.  Em Currais Novos, grupos de investidores italianos e indianos se instalaram recentemente. Segundo José Ferreira de Lima, secretário de Desenvolvimento Econômico e de Turismo do município, eles estariam interessados em investir na Mineração. 

No RN, explora-se ouro desde a década de 20, mas de forma rudimentar. A chegada de grupos estrangeiros pode dinamizar o setor. Segundo Carlos Magno Cortez, superintendente do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral no estado, empresas brasileiras não têm o hábito de investir em atividades arriscadas como a Mineração. "No Brasil, as empresas só investem quando tem a certeza do retorno financeiro. E a Mineração é uma atividade arriscada. Você pode investir R$1 milhão em pesquisa e descobrir que não há ouro. Você pode passar a vida investindo numa área para só então descobrir que não havia reserva nenhuma", justifica. 

Um exemplo disso é a própria Mina São Francisco, vendida e abandonada várias vezes. A extração de ouro no local, ora realizada pelas minas ora realizada pelos garimpeiros, deixou uma marca profunda na propriedade: um vale de 25 metros de profundidade, 80 metros de extensão e 50 metros de largura. É lá que a empresa australiana construirá a nova mina.

Ocorrências são registradas em pelo menos 10 municípios
Segundo o geólogo Otacílio Oziel de Carvalho, professor do IFRN, o RN tem, pelo menos, 10 municípios com alguma ocorrência conhecida de ouro. "Entretanto, apenas Currais Novos e Lajes já produziram ouro em escala industrial", esclarece. Segundo dados do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral verificados no dia 09 de junho deste ano,   existem 2.605 processos ativos registrados no Rio Grande do Norte. Deste total, 302 são para pesquisa de minério de ouro e de ouro. A quantidade de processos ativos, segundo Otacílio Carvalho, comprova que o ouro é um dos bens minerais mais pesquisados no RN, junto com ferro e calcário. O preço da grama de ouro, por sua vez, justifica o interesse dos grupos nacionais e estrangeiros. No dia 06 de junho, o minério atingiu a cotação de US$ 1.552,60/onça troy (31,1g) ou R$ 79,08/grama. 

Mesmo com ocorrência conhecida em pelo menos 10 municípios potiguares, é em Currais Novos e Lajes que a atividade se desenvolveu. Em Lajes, a Mineração  Nosso Senhor do Bonfim já iniciou a produção de ouro associado a schelita, molibdênio e bismuto de forma experimental. Segundo o engenheiro de minas Pedro Paulo Batista, diretor da mina, ela deverá entrar em operação em quatro meses. Enquanto isso, o grupo Crusader avança com as pesquisas na Mina São Francisco. A expectativa é que a mina comece a operar no início de 2013, elevando a produção potiguar de gramas para toneladas.

Participação de garimpos encolhe
A exploração de ouro teve seu apogeu no período colonial, quando o Brasil se tornou o maior produtor de ouro do mundo. Logo em seguida, a atividade entrou em declínio, sendo retomada apenas na década de 70. Na época, os garimpos empregavam mais de um milhão de pessoas e respondiam por 80% da produção nacional. Hoje, a proporção se inverteu e os garimpos, que exploram o minério de forma artesanal, não respondem nem por 20% da produção nacional. 

Em 1988, a produção de ouro no Brasil atingiu o pico de 112,6 toneladas. Em seguida, a atividade entrou em declínio novamente, atingindo o menor patamar em 2003, quando o Brasil produziu 40,4 toneladas. Nos últimos 11 anos, a produção tem aumentado, mas de forma lenta. Em 2009, dado mais recente apresentado pelo DNPM, o País produziu 56,4 toneladas de ouro. A expectativa é que a produção chegue a 83,7 toneladas em 2030, segundo projeções do DNPM. Para atingir este patamar, será necessário investir cerca de US$ 2,1 bilhões na atividade. O número de empregos gerados deve subir de quase dez mil para 15 mil trabalhadores. 

Segundo a 30ª edição do Sumário Mineral, estudo mais recente disponibilizado pelo DNPM, as reservas lavráveis de ouro no Brasil estão concentradas nos estados de Minas Gerais (48,8%), Pará (36,9%), Goiás (6%), Mato Grosso (4,6%) e Bahia (3,7%). Juntos, os cinco estados respondem por 90% da produção nacional. No mundo, as reserva de ouro superam 90 mil toneladas. No Brasil, chegam a 1,95 mil toneladas, incluindo as reservas de ouro associado ao cobre. As reservas lavráveis de ouro no Brasil, segundo o DNPM, têm se mantido relativamente estáveis desde 2002, quando somavam 1,93 mil toneladas.

Fonte: Tribuna do Norte (por Andrielle Mendes)

domingo, 12 de junho de 2011

Petrobras anuncia descoberta de indícios de petróleo na Bacia Pará-Maranhão

A Petrobras comunicou oficialmente na ultima sexta-feira à Agência Nacional de Petróleo (ANP) que descobriu indícios de petróleo em uma das duas concessões em águas profundas que explora em associação com a chinesa Sinopec na Bacia Pará-Maranhão, informou a agência reguladora.

Os indícios foram descobertos em um poço perfurado em uma região do oceano Atlântico de 2,06 mil metros de profundidade e a cerca de 220 quilômetros de Viseu, município no litoral do estado do Pará, segundo a informação fornecida pela ANP.

Durante a visita da presidente Dilma Rousseff em abril à China, a Petrobras assinou um acordo pelo qual cedeu à Sinopec 20% de seus direitos nas concessões BM-PAMA-3 e BM-PAMA-8, ambas em águas profundas na bacia do Pará-Maranhão.

A segunda maior petrolífera chinesa já tinha entrado com força no Brasil em outubro do ano passado quando adquiriu por US$ 7,1 bilhões 40% da Repsol Brasil.

A Petrobras começou a perfurar o poço pioneiro da BM-PAMA-3 em janeiro passado e na quarta-feira comunicou à ANP a descoberta dos primeiros indícios.

A descoberta pode aumentar o interesse das multinacionais nos numerosas concessões na Bacia Pará-Maranhão que a ANP pretende licitar neste ano.

Além das duas concessões que explora nessa região em associação com a Sinopec, a Petrobras também é operadora em outras quatro concessões na mesma bacia, algumas em associação com a colombiana Ecopetrol e com mineradora Vale.



Fonte: Bol noticias

Corrida acelerada pelo gás de Minas

A Petra Energia já começou a perfurar um poço a 16 quilômetros de Corinto, na Região Central de Minas, a 220 quilômetros de Belo Horizonte, em busca de jazida de gás natural na Bacia do Rio São Francisco. O anúncio foi feito ontem, um dia depois de a Cisco Oil & Gás, do Grupo UBX, informar que pediu licença para perfurar um poço de prospecção de gás em Morada Nova de Minas. A Petra investirá cerca de US$ 10 milhões e espera encontrar a jazida entre 2,5 mil metros e 3 mil metros abaixo do solo. O trabalho deve ser finalizado até o fim de julho, quando poderá ser apurado o tamanho da reserva e a viabilidade da exploração da matéria prima. Esse é o primeiro dos 10 poços que a empresa vai perfurar na Bacia do Velho Chico – os outros nove não foram divulgados pela Petra. A Cisco não revelou detalhes do investimento em Morada Nova de Minas. O poço de Corinto é o quarto a ser perfurado na área do Velho Chico.

Na corrida pelo gás natural de Minas, a Petrobras revelou que pediu à Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biogás (ANP) autorização para abrir o terceiro poço de pesquisa no estado. O gerente-executivo de Exploração da estatal, Mário Carminatti, lembrou que depois de constatar “boas indicações de presença de gás” no primeiro poço, perfurado em Brasilândia de Minas, a empresa iniciou a abertura do segundo poço, denominado Amós, no município de João Pinheiro. “Já temos o compromisso com a ANP de perfurar também o terceiro, não necessariamente nesses dois municípios”, declarou Carminatti, sem revelar o local exato da perfuração. Além das três empresas, o consórcio Codemig/Ortemg/Delp/Imetame pesquisa há mais de um ano a ocorrência de gás em Pindaíbas, distrito de Morada Nova de Minas.

A Petra Energia foi criada pelo grupo pernambucano STR, do ramo de mineração, para explorar jazidas de gás e petróleo. A empresa, com 9% de participação da BTG Pactual, venceu a licitação do 7º lote, ocorrida em 2005. Seis anos depois, montou um canteiro de obras de 10 mil metros quadrados. As peças da sonda que vai perfurar a terra foram transportadas em 52 carretas. O investimento da Petra no município, de 24 mil habitantes, reforça os bons ventos que sopram a favor da Bacia do São Francisco.

EXPECTATIVA BOA “A expectativa é muito boa para a economia da cidade. Uma pousada já foi construída e restaurantes estão ampliando o número de funcionários. Tudo acontece muito rápido”, comemora o prefeito, Nilton Ferreira da Silva. “A corrida pelo gás no São Francisco atrairá grandes investimentos, como a (possibilidade de) implantação de duas termelétricas, orçadas em US$ 1,25 bilhão”, acrescenta Gil Pereira, secretário de Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, Mucuri e do Norte de Minas (Sedvan).

Pereira se reuniu com diretores da ANP e da Petrobras, anteontem, no Rio de Janeiro. No encontro, o diretor de Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella, considerou que são “bastante positivas” as indicações de gás natural da porção mineira da Bacia do São Francisco. Ele não revelou, no entanto, os resultados da prospecção em Brasilândia de Minas. A estatal deverá perfurar nove poços na Bacia do Velho Chico em Minas. A estatal reforçou que, em 2012, o governo federal irá licitar 12 blocos para a exploração do insumo na porção mineira do São Francisco, mas as áreas ainda não foram informadas ao governo do estado.


Fonte: GasNet

sexta-feira, 10 de junho de 2011

As rochas mais velhas da Terra: pistas da história geológica primitiva

A Terra, juntamente com os constituintes do Sistema Solar, formou-se pela aglutinação de poeira cósmica e partículas até do tamanho de asteróides, a partir de uma nebulosa de gás e poeira em lenta rotação.

O estudo de meteoritos - fragmentos de matéria sólida provenientes do espaço - permite estabelecer, com certa precisão, a cronologia dos eventos da evolução primitiva do Sistema Solar. Os meteoritos, cuja composição química e mineralógica é assemelhada a dos corpos do Sistema Solar, possuem idade de 4,6 bilhões de anos (Ga); por extrapolação esta é a idade da própria Terra.

A investigação das rochas mais velhas, da diversidade dos eventos e variação composicional da crosta mostram que a Terra se transforma gradualmente, embora os processos geológicos guardem semelhança com os operantes hoje em dia. Mas, onde estão as rochas sobreviventes da história inicial da Terra?

Além da dinâmica que transforma lentamente o nosso planeta sabemos que sua superfície primitiva, durante os primeiros 600 milhões de anos (Ma), sofreu intenso bombardeio de meteoritos, asteróides e cometas, detritos gerados durante a formação do Sistema Solar. O registro desse bombardeio pode ser visto, por exemplo, na superfície da Lua coberta por enormes crateras, cicatrizes de um passado extremamente violento. A Terra, contudo, sofreu erosão e eventos geológicos sucessivos, o que explica ser extremamente difícil encontrar suas rochas mais primitivas preservadas. Mas o que aconteceu com a Lua naquela fase primitiva, certamente aconteceu com a Terra.

A cronologia precisa dos eventos das etapas precoces da evolução terrestre tem sido fruto do progresso nas técnicas laboratoriais, avanços tecnológicos, combinado com o emprego de métodos de datação baseados no decaimento radioativo, a exemplo do método Urânio/Chumbo (U/Pb) SHRIMP - sensitive high resolution mass spectrometer.

Atualmente podemos obter idades U/Pb muito precisas de cristais diminutos de zircão (ZrSiO2), um mineral freqüentemente encontrado em rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. O zircão é utilizado por ser extremamente resistente a altas pressões e temperaturas e, pelo fato de seu sistema cristalino possuir uma alta temperatura de bloqueio (800°C), retém com maior eficiência que outros minerais tanto os elementos-pai (Urânio) como os elementos-filho (Chumbo). Por isso os zircões comumente guardam evidências da idade de cristalização da rocha ígnea original, mesmo que tenham ocorrido transformações posteriores no mineral.

A datação dos zircões com idade superior a 2,5 Ga (Eon Arqueano) documenta não só os processos e produtos da diferenciação química precoce da Terra, mas também permite inferências sobre a natureza e composição da crosta primitiva. Portanto, ao investigarmos as rochas arqueanas estaremos melhor compreendendo a história mais remota do planeta, incluindo processos sedimentares e vulcânicos iniciais, a hidrosfera precoce e a própria emergência da vida.

As rochas arqueanas constituem, em geral, complexos gnáissicos de médio a alto grau metamórfico em que predominam ortognaisses graníticos a dioríticos. Subordinadamente ocorrem rochas básicas, ultramáficas e metassedimentares, as primeiras proporcionando uma visão direta do manto terrestre mais primitivo, a partir de suas características geoquímicas e isotópicas, bem como da magnitude dos eventos de vulcanismo máfico.

Já os metassedimentos, particularmente os bifs (formações ferríferas bandadas) e cherts, trazem informações importantes quanto à história precoce da hidrosfera, ambientes superficiais iniciais, incluindo processos sedimentares e a emergência da vida. Rochas com idades superiores a 3,7-3,8 Ga são conhecidas em pouquíssimas localidades, como, por exemplo na África do Sul, Índia, Rússia, China, Antártica, Groenlândia, Canadá e norte dos EUA. No Brasil, as ocorrências das rochas mais antigas, com idades da ordem de 3,40-3,45 Ga, situam-se na Bahia e Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.

Texto Por: Prof. Dr. Wilson Teixeira
Colaboração: Fairchild, T.R. & Albuquerque, P.R.F.

Fonte: IGC-USP

quinta-feira, 9 de junho de 2011

CPRM lança livros sobre geodiversidade



O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) disponibilizou livros, mapas e SIG sobre a geodiversidade dos estados do Amazonas, Piauí, Bahia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Rio Grande do Sul. As informações técnicas produzidas pelos levantamentos da Geodiversidade Estaduais – na forma de mapa e texto explicativo – estão disponíveis no portal da CPRM para pesquisa e download.

Os produtos lançados foram desenvolvidos a partir de levantamento da geodiversidade do território brasileiro e áreas de fronteiras, com a finalidade de contribuir para o planejamento regional do uso do território, através das informações do meio físico contemplando as dimensões social, ambiental e econômica.

Para obter as informações e fazer downloads acesse aqui. Os mapas em formato impresso e digital (DVD-ROM) estão disponíveis nas bibliotecas da CPRM para acesso ao público em geral.

Fonte: CPRM

terça-feira, 7 de junho de 2011

Como o petróleo é extraído do fundo do mar?


O processo de extração de petróleo varia muito, de acordo com a profundidade em que o óleo se encontra. Ele pode estar nas primeiras camadas do solo ou até milhares de metros abaixo do nível do mar. É o caso das megarreservas descobertas na bacia de Santos nos últimos meses. O campo de Tupi, anunciado em outubro do ano passado, pode acrescentar até 8 bilhões de barris de petróleo aos 12 bilhões da nossa reserva atual. Já o campo Pão de Açúcar, descoberto em 2008 e ainda visto como uma incógnita por especialistas, seria, segundo o que se comentou até agora, o terceiro maior campo do mundo, o que colocaria o Brasil entre os maiores produtores do planeta. Mas não será fácil extrair esse óleo todo. Primeiro, porque esses campos estão a 300 quilômetros da costa - o que dificulta o transporte, quando a produção estiver a todo vapor - e, segundo, a razão principal: o ouro negro está encravado entre rochas situadas 7 mil metros abaixo do nível do mar e, o que é pior, sob uma camada de 2 mil metros de sal. A exploração desse tipo de campo não é uma novidade só para o Brasil. Muito dinheiro terá que ser investido para fazer o petróleo da bacia de Santos vir à tona. Entenda por que nas explicações abaixo. B)
PRODUTO INTERNO BRUTO
Com a tecnologia atual, no máximo 30% do petróleo e do gás natural de Tupi serão extraídos
1) Antes de qualquer coisa, é preciso descobrir onde está o petróleo. Para isso, existe a sísmica. Um navio percorre milhares de quilômetros rebocando cilindros com ar comprimido e dispara rajadas de tempos em tempos. É como uma explosão, que gera ondas sonoras que batem no solo e voltam
2) Os hidrofones, rebocados pelo navio, recebem as ondas sonoras e as decodificam, transformando-as em imagens. São representações das camadas do solo. Através delas os especialistas descobrem se há petróleo incrustado entre as rochas e, se houver, onde está. Aí perfuram o poço para tentar chegar ali
3) perfuração começa com a instalação do BOP no poço. É um conjunto de válvulas para controlar a pressão da perfuração e impedir que o óleo vaze. Quando a perfuração termina, o BOP é trocado por uma estrutura parecida com uma árvore de natal, que controla a extração
4) No início da perfuração são usadas brocas largas, com cerca de 20 polegadas (50 cm) de diâmetro. Elas são feitas de aço e, na ponta, têm pedacinhos de diamante, o minério mais duro que existe. Durante a perfuração elas são resfriadas por uma lama especial, que, além de lubrificar, leva pedaços de rocha para a superfície, onde são analisados
5) As perfurações são interrompidas para troca de brocas ou injeção de cimento, que reveste o duto, sustentando as paredes do poço. Isso é feito assim: o cimento desce pelo tubo por onde passa a broca e sobe pelos vãos laterais, formando a parede. Em seguida, uma broca menor continua a perfuração
6) O petróleo de Tupi está em uma camada geológica acumulada antes do sal: o pré-sal. Para chegar lá, o desafio é atravessar a espessa camada de sal pastoso, que se movimenta e pode até tapar os poços. A saída é fazer uma perfuração horizontal. Assim, evita-se furar vários poços verticais para explorar todo o pré-sal, que tem "só" 120 m de espessura
7) Quando se alcança o óleo, um minicanhão é usado para provocar uma explosão entre as rochas. Em seguida, gases ou líquidos são injetados para abrir as fissuras formadas. É por essas fissuras que o petróleo e o gás natural chegam ao poço. A partir daí, eles sobem graças à pressão do reservatório natural
8) Para minimizar a diferença de temperatura entre o petróleo que sobe (63 ºC) e a água do oceano (2 ºC), o tubo flexível que liga o poço até a plataforma de produção tem revestimento térmico e temperatura controlada por fios elétricos e fibra óptica. Tudo isso para evitar que surjam coágulos, capazes de entupir a tubulação
9) Antes de chegar ao continente, o petróleo de Tupi - mais leve e valioso do que o explorado atualmente no Brasil - será processado e armazenado em naviosplataforma. Se a construção de oleodutos ligando essas embarcações ao continente ficar cara demais, é provável que o transporte seja feito com navios mesmo.
Fonte: Mundo Estranho

quinta-feira, 2 de junho de 2011